A MORTE PERDE CARONA VIA CELULAR
Estava eu em um coletivo em Goiânia e uma
conversa de telefone me chamou atenção.
-Alô? Quem é?
Filha? que foi. Annnnhh?
Fala mais baixo, num to entendendo nada.
-Morreu?
-O seu pai?
-Filha, é o seguinte.
Aonde ele ta caído?
-Na sala? Calma, minha
filhinha. Não há de ser nada.
Vai até ele e pinica
ele.
Pinicou? E nada?
Então faz o seguinte:
Faz cócegas nele. Ele
num agüenta nem uma cosquinha.
-Nada Filha?
Então é grave.
-Tem sangue junto
dele?
-Não? Ainda bem...
-Filha, tenta fazer
massagem nele. Pega bem em cima da barriga dele e pula umas dez vezes. Isso ass
vezes funciona.
-Vai pulando e eu
conto.
-Uma, duas....e dez...
-Nada? Será que ele
morreu mesmo?
-Vê-se se ele ta
cheirando pinga. Esse danado costuma beber até desmaiar.
-Tá? Num te falei? Ele
voltou à beber.
-Filha, escuta...Você
tem que fazer uma coisa pra Mamãe. Presta atenção.
-Só resta fazer
respiração boca à boca.
-Que? Não vai fazer?
Filha escuta. A Mamãe ta muito longe e ele é seu Pai.
-O bafo? Nessas horas
a gente tem que esquecer isso, Filha.
À essas alturas até o
motorista do coletivo parou no ponto e desligou o veículo.
Todo mundo prestava
atenção na Mulher.
-Filha, num deu certo
não?
Então faz o seguinte:
vê se ele largou dinheiro dentro da carteira.
-É? Cinqüenta reais? Cachorro, só isso...
to indo pra casa...
Graças à Deus que esse
traste nos deixou alguma coisa.
A Mulher desceu no
ponto na Praça Cívica e nem sequer olhou pra trás, deixando todo mundo de boca
aberta e sem entender nada.
MAGNUN